terça-feira, 20 de agosto de 2013

Confissões de um jovem apaixonado

"Confessions of a child of the century", de Sylvie Verheyde (2012) Exibido na Mostra Un certain Regard de Cannes 2012, esse filme provocou uma debandada de juri e platéia da sala de exibição. Assistindo agora, dá para entender tamanha aflição: a muito tempo não via um filme tão soporifero! Baseado no romance do poeta e dramaturgo francês Alfred de Musset , escrito em 1836, e chamado curiosamente de "Confissões de uma criança do século", uma espécie de relato autobiográfico do autor. O filme narra a história de Octave ( Peter Doherty), um Dandy mulherengo que flagra sua amante se pegando com um outro homem. Irritado, ele desafia o homem para um duelo, mas leva um tiro e se retira de cena. Ao buscar o conforto na família, se retrai novamente quando o pai morre. Octave, entre noites de bebedeiras e orgias, resolve ir até o campo, onde conhece Brigitte (Charlotte Gainsbourg), uma viúva 10 anos mais velha e com quem irá manter uma relação de amor e lamentos. A história toda se passa em Paris de 1830, mas a diretora resolveu escalar um elenco de atores ingleses ou estrangeiros que falem inglês. Fora essa dicotomia, o que causou mais indignação por onde o filme passa é a escalação do cantor inglês Peter Doherty no papel principal. Sem qualquer tipo de expressão, sem passar qualquer emoção ou vida em seu olhar ou entonação de voz, Doherty parece um boneco morto em todas as cenas. Tudo fica ainda mais gritante quando ele contracena com a genial Charlotte Gainsburg. Aí a gente se pergunta: Que estranhos caminhos o cinema nos faz passar para tentar entender o porquê de tantas cosias...será que foi um delírio da diretora, de achar que uma figura pop ( Doherty é vocalista da banda "The libertines" e ex-namorado de Amy Winehouse) seria o suficiente para preencher a lacuna de personagem tão importante pro filme? Fosse um video-clip tudo bem, porquê realmente ele tem cara de Dandy. Mas só isso. É uma pena ver talentos e dinheiro disperdiçados. A boa fotografia (apesar de em vários momentos, principalmente em cenas de quartos, estar muito escura), direção de arte, figurino, maquiagem, tudo correto. Os 120 minutos do filme parecem durar o dobro do tempo. Os vários lamentos e caras depressivas de Octave e seus discursos melancólicos em off nos fazem chegar a Morfeu, ao invés de ao Paraíso Cinéfilo. Ainda bem que existe Gainsburg no filme que nos traz um mínimo de dignidade. Nota: 4

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